PARA ORTODONTISTAS
SOBRE O BBO
PÚBLICO EM GERAL
A documentação dos casos clínicos apresentados deve ser de qualidade e incluir modelos, radiografias e fotografias. Somente deverão ser utilizados os registros obtidos antes do início da terapia ortodôntica e após a remoção do aparelho fixo. Contudo, caso o tratamento tenha sido realizado em duas fases, deve-se incluir, também, os registros obtidos antes do início da segunda fase. Além disso, se for do interesse do candidato, podem-se incluir registros de controle pós-tratamento.
Os registros obtidos após a remoção do aparelho fixo podem ser realizados até um ano após a finalização do tratamento. Exames e dados complementares, tais como fotografias e radiografias adicionais, ou medidas cefalométricas específicas, podem ser apresentados, se o candidato entender que são necessários para melhor compreensão dos casos clínicos.
Em toda documentação, o nome do candidato deve estar totalmente encoberto com tarja em preto ou branco, devendo constar somente seu Código de Identificação, que será fornecido após sua inscrição.
Para possibilitar uma avaliação mais uniforme e equilibrada, é necessário que a documentação siga uma padronização. As normas estabelecidas, que são requisitos mínimos para a apresentação dos casos, seguem critérios internacionais e podem ser acessadas nos links abaixo:
Modelos de Estudo
Os modelos ortodônticos devem representar fielmente a maloclusão do paciente, permitindo analisar a simetria e a forma dos arcos dentários, bem como a anatomia e o posicionamento dos dentes.
Sua obtenção deve ser realizada tomando-se como referência a relação de máxima intercuspidação habitual (MIH), à exceção dos casos onde haja relevante discrepância entre a MIH e a relação cêntrica (RC). Nestas situações, sua relação inter-oclusal deverá retratar a condição de relação cêntrica (RC), reproduzindo fielmente a real condição inter-arcos da maloclusão. Além disso, sua disposição espacial deverá se basear no plano sagital da face, evidenciando possíveis assimetrias dos arcos dentários.
Cada modelo, representativo das arcadas superior e inferior, deverá ser composto por uma porção anatômica (dentes, vestíbulo bucal, freios e bridas) e por uma outra denominada artística.
Os modelos poderão ser em gesso branco com suas bases recortadas ou digitalizados e impressos em resina seguindo os padrões do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial, como descrito no texto a seguir, ou opcionalmente dentro dos padrões do American Board of Orthodontics - ABO http://www.americanboardortho.com/media/u2fjx0q1/dental-cast-guide.pdf . O padrão ABO está formatado na maioria dos escâneres atualmente disponíveis no mercado.
O padrão de recorte dos modelos deve seguir uma porção anatômica que represente 2/3 da altura total entre a base de cada modelo superior e inferior e o respectivo plano oclusal e a porção artística, o 1/3 restante. Devidamente ocluídos, deverão ter uma altura total entre as bases superior e inferior em torno de 70mm (figura 1).
- Porção Anatômica – O preparo ou escultura da porção anatômica deverá limitar-se à eliminação de bolhas negativas e de defeitos provenientes do processo de moldagem. Alterações na anatomia dos dentes serão consideradas como falsificação de documentação, o que ocasionará automaticamente a reprovação do caso. Contenções fixas poderão estar presentes nos modelos finais e/ou pós-tratamento.
Porção Artística – Esta porção do modelo deverá obedecer critérios de recorte para cada região específica dos arcos superior e inferior, constituídas de base, borda posterior, bordas oblíquas, faces laterais e contorno anterior (figura 2), como segue:
• Base – a base de cada modelo, superior e inferior, deverá ser plana e estar paralela ao solo, obedecendo a proporcionalidade supracitada entre as porções anatômica e artística.
• Borda Posterior – a borda posterior de ambos os modelos deverá estar disposta perpendicularmente ao plano sagital, permitindo a evidenciação de possíveis assimetrias na linha média dentária e/ou entre os segmentos posteriores direito e esquerdo (ex: Classes II ou III, com subdivisão).
• Faces Oblíquas – as faces oblíquas deverão apresentar uma angulação de 115° com a borda posterior e estenderem-se até a região das cúspides mésio-vestibulares dos últimos molares, guardando, sempre que possível (exceção às assimetrias do respectivo arco dentário), uma dimensão equidistante entre seu término e as superfícies vestibulares dos molares acima mencionados (figura 3).
• Faces Laterais – as faces laterais devem obedecer a angulações específicas para cada um dos modelos. No modelo superior, deverá apresentar um ângulo de 65° em relação à borda posterior. No modelo inferior, a mesma deverá estar disposta em uma angulação de 60° também em relação à borda posterior (figura 3).
• Contorno Anterior – No modelo superior, o contorno anterior deverá apresentar um ângulo de 30° com sua borda posterior, estendendo-se desde o centro das coroas dos caninos até o plano sagital. Quando o(s) canino(s) estiverem em mésio ou disto-versão, a extensão deste recorte deverá levar em consideração seu hipotético posicionamento ideal. No modelo inferior, o contorno anterior deverá abranger a mesma referência adotada para os caninos superiores; porém, assumindo uma disposição curvilínea, correspondente ao contorno do rebordo alveolar anteroinferior (figura 4).
Quando ocluídos, os modelos não deverão apresentar movimento de báscula. Sua devida condição inter-oclusal deverá ser prontamente revelada, posicionando ambos os modelos sob as respectivas bases posteriores ou bordas oblíquas (figura 5).
Durante o preparo dos modelos, nos casos em que não houver a possibilidade de manter a altura e/ou os ângulos recomendados, deve ser usado o bom senso, considerando-se a simetria, as proporções e a estética.
As etiquetas para a identificação dos mesmos deverão obedecer à padronização estabelecida (figura 6). Recomendamos etiqueta Pimaco, modelo 6089, papel tipo Carta para 60 etiquetas, com quatro colunas.
As medidas intercaninos e intermolares se referem aos modelos superiores e inferiores. Essas mensurações devem ser realizadas considerando-se, respectivamente, as distâncias entre as cúspides dos caninos e entre as cúspides mésio-vestibulares dos primeiros molares direito e esquerdo.
Modelos Digitais:
Modelos impressos em resina, provenientes de escaneamento digital intrabucal, também são aceitos. O BBO tem avaliado a qualidade dos modelos impressos de diferentes centros de documentação do Brasil e definiu, como requisitos para a utilização de modelos impressos:
OBS: Não serão aceitos modelos de gesso provenientes de moldagem originados de qualquer tipo de modelo impresso.
Radiografias
As radiografias panorâmicas, periapicais e complementares devem ser de boa qualidade. Os filmes devem estar orientados corretamente, com os lados direito e esquerdo identificados claramente. Radiografias panorâmicas sem definição satisfatória na região dos incisivos (superiores e inferiores) devem ser complementadas com radiografias periapicais dessas áreas.
As telerradiografias de perfil devem ser devidamente padronizadas e as estruturas ósseas e o perfil tegumentar bem nítidos. Serão aceitas as telerradiografias convencionais (ou analógicas), digitais e geradas por tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC). Em casos de assimetria facial evidente, além de radiografias de perfil, deverão ser apresentadas radiografias cefalométricas postero-anteriores, devidamente analisadas. As radiografias devem ser colocadas nos plásticos que já estão dentro das pastas e o serviço radiográfico deve estar coberto com uma tarja preta. O nome do candidato também deve estar encoberto com tarja preta ou branca com o objetivo de preservar o sigilo durante o exame. O nome do paciente e a data podem permanecer visíveis.
Observação: As reconstruções panorâmicas e cefalométricas geradas a partir de tomografias computadorizadas de feixe cônico deverão ser impressas em papel fotográfico ou película radiográfica.
Os traçados cefalométricos devem ser realizados com precisão, sobre papel de acetato, com
caneta ou lápis de ponta fina (0,5mm de diâmetro), contendo apenas os detalhes anatômicos de interesse
para as análises cefalométricas (Figura A) e sobreposições
(Figuras C e D).
Alguns detalhes/recomendações devem ser seguidos:
- Traçados cefalométricos manuais e digitais (gerados por computador) serão aceitos. Tutorial sobre o uso do Dolphin
- Traçados digitais devem ser impressos em papel de acetato ou transparente, e seguir rigorosamente a dimensão das estruturas ósseas e tegumentares apresentadas na radiografia.
- Quando as telerradiografias de perfil forem analógicas, a digitalização da imagem para a obtenção do traçado digital deverá acompanhar as dimensões originais.
- Nos traçados manuais, gabaritos para traçar o contorno dos dentes como, por exemplo "Tooth Tracing Template" (701-603 Unitek) podem ser usados.
- Os traçados devem ser realizados em diferentes cores, de acordo com a fase que representa: traçado inicial em cor preta, traçado intermediário em azul, traçado final em vermelho e de pós-contenção em verde.
- Os pontos cefalométricos devem ser cuidadosamente identificados para garantir a confiabilidade nas linhas de referência obtidas.
- As linhas e medidas cefalométricas registradas nos traçados deverão ser sempre na cor preta, independente da fase: inicial, intermediário, final ou pós-contenção.
- Atenção para a extensão das linhas nos traçados: estas não devem ser muito longas. Verifique o modelo na Figura B.
- Para avaliar os padrões esquelético, e dentário, e o perfil facial, devem ser utilizadas as medidas cefalométricas da Tabela 1. O candidato poderá acrescentar outras medidas, se julgar necessário.
- Para a colocação dos valores das medidas cefalométricas nos traçados, deve-se seguir a posição pré-definida, de acordo com o demonstrado na Figura B.
- A identificação dos traçados cefalométricos deverá seguir a orientação mencionada nas Figuras B, C e D (baixar todas as figuras). O candidato deve estar familiarizado com todos os aspectos das radiografias cefalométricas, traçados e medidas, incluindo seus respectivos significados.
- Os traçados devem ser separados das telerradiografias e colocados nos plásticos que estão dentro das pastas.
Serão necessárias, no mínimo, três sobreposições dos traçados iniciais e finais, citadas a seguir:
a) Craniofacial ou Total: sobrepor os traçados na linha Sela-Násio, com registro no ponto Sela (S), para avaliar o crescimento geral e alterações do tratamento. (Figura C)
b) Parcial de Maxila: sobrepor os traçados no plano palatal, com registro no ponto ENA, para avaliar o movimento dos dentes superiores. (Figura D)
c) Parcial de Mandíbula: sobrepor os traçados no contorno da cortical interna da sínfise com melhor sobreposição no
limite inferior do corpo mandibular, para avaliar o movimento dentário na arcada inferior e crescimento da mandíbula.
(Figura D)
Além disso, algumas recomendações devem ser seguidas:
- Atentar à diferença na ampliação das imagens cefalométricas antes e após o tratamento ortodôntico. Ajustes poderão ser necessários. (link)
- As sobreposições podem ser traçadas manualmente pelo candidato, com caneta ou lápis, ou geradas pelo computador.
- As sobreposições parciais de maxila e mandíbula devem ser dispostas em uma única folha, conforme o modelo na Figura 5.
- As sobreposições com traçados intermediários A-A1 (A: início - A1: intermediário), A1-B (A1: intermediário - B: final)
e A-B (A: início - B: final) são necessárias nos casos de tratamento em duas fases.
Nos casos com mínimo de 2 anos pós-tratamento deverão apresentar A-B-C (A: início, B: final e C: 2 anos pós-tratamento).
Deverão ser realizadas as sobreposições dos traçados A-B ( A- inicial e B- final), B-C (B- final e C- 2 anos pós contenção)
e A-B-C (A- inicial, B- final e C- 2 anos pós-contenção).
- As sobreposições devem ser colocadas em envelopes separados, sobre papel branco, sem serem afixadas.
Legendas:
Figura A: Modelo do traçado cefalométrico
Figura B: Traçado de linhas e orientação para localização das medidas
Figura C: Sobreposição total
Figura D: Sobreposições parciais de maxila e mandíbula
Baixar todas as figuras
Referência: Vilella OV. Manual de Cefalometria. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 1998.
Fotografias
Os pacientes devem ser documentados, em cada fase, com os seguintes registros: a) uma fotografia frontal (obrigatória); b) uma fotografia de perfil do lado direito (obrigatória), e c) sempre que possível, uma fotografia frontal em sorriso.(opcional). As fotografias faciais de frente e perfil devem estar orientadas com o plano horizontal de Frankfort paralelo ao solo e tiradas com os lábios em repouso, retratando a real situação do relacionamento labial do paciente (figura). Fotografias complementares podem ser incluídas, mas glamorosas são dispensáveis. As fotografias podem ser impressas em preto e branco ou em cores, visando enquadramento mais adequado possível, utilizando-se o layout paisagem. Essas fotografias devem ser impressas em papel de qualidade fotográfica em orientação paisagem. Elas devem estar o mais próximo possível de ¼ do tamanho real, do topo da cabeça à parte inferior do queixo. Pode-se determinar se uma fotografia está a ¼ do tamanho original, medindo-se a dimensão vertical do paciente, da linha do cabelo até a borda inferior do queixo. Se, por exemplo, a distância for 20cm, a dimensão na fotografia deve ser 5cm ou ¼ do tamanho real. É importante ressaltar, ainda, alguns aspectos na obtenção das fotografias faciais, tais como: o fundo deve ser neutro; a iluminação de boa qualidade para revelar contornos faciais sem sombras; as orelhas devem estar expostas, visando orientação facial; os olhos abertos e direcionados para frente; óculos e outros acessórios devem ser retirados.
Cada caso deve ser documentado com três registros: uma vista frontal, uma vista lateral direita e uma vista lateral esquerda, com os dentes em máxima intercuspidação. Essas fotografias devem ser orientadas pelo plano oclusal. Fotografias opcionais podem ser incluídas, como vistas oclusais das arcadas dentárias superior e inferior. As fotografias devem ser o mais próximo possível da proporção 1:1 com os dentes do paciente. Se imagens de espelho forem utilizadas, a impressão deve ser invertida e as imagens montadas como se estivéssemos olhando para o paciente. As cópias em papel devem ser coloridas. Diapositivos não são necessários. É importante observar, ainda, alguns aspectos na obtenção das fotografias intra-bucais como: dentição limpa, livre de placa bacteriana, sangramento ou saliva; utilizar retratores de lábios; a iluminação deve mostrar os contornos anatômicos com mínima quantidade de sombra; padronização das cores; evitar interferências visuais (retratores de lábios, rótulos e dedos). Se as imagens das fotografias faciais e intra-bucais forem geradas no computador, devem ter alta resolução de cor e nitidez, e revelar com precisão os tecidos moles e duros. Os candidatos devem ter em mente que toda a documentação apresenta valor legal inerente, não podendo ser alterada. Para maloclusões com desarmonias esqueléticas acentuadas, com indicação de tratamento ortodôntico associado à cirurgia ortognática, fotografias intermediárias (durante o tratamento) podem ser incluídas.
O Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial é uma entidade constituída por iniciativa da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial - ABOR, que tem como objetivo promover a excelência clínica na especialidade.
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